sexta-feira, 23 de outubro de 2009

...: Voyeurs da Web :...


O desejo de espionar a vida alheia divide os seres humanos em dois grupos:

O primeiro responde por uma minoria puritana que considera essa prática repugnante e abominável para nossa sociedade. Já o segundo, trata-se de uma maioria avassaladora cuja habilidade em espreitar o outro às escondidas faz da internet um verdadeiro Kama-Sutra do voyeurismo.

É inegável que as características de acessibilidade e interação promovidas pelo ciberespaço foram um verdadeiro orgasmo para quem busca satisfazer-se sexualmente apenas pela observação anônima.

Há um encaixe quase perfeito entre olhos orgânicos e digitais: as retinas que antes se congelavam no binóculo ao tentar flagrar a vizinha atraente, hoje fazem o mesmo diante do computador.

O que de fato muda para o voyeur da atualidade é o processo de fruição do seu objeto de desejo, ou seja, ele não vai mais precisar dependurar-se em uma árvore para ter o melhor ângulo daquela mulher incrível, vai mudar a posição de uma web cam .

Por que a web cam? Porque como toda criatura moderna e atribulada, o voyeur tem mil outras obrigações e não pode perder tanto tempo esperando a hora exata da vizinha posicionar-se na sacada.

Não há mais espera: há imediatismo! E para este último, milhões de salas de bate papo onde é possível assistir a todo tipo de estimulação sexual (e o próprio sexo) através de um monitor afrodisíaco.

Nesse processo a identidade de quem observa prossegue em segredo, mantendo o arquétipo do voyeur clássico, porém, tamanha é a liberdade nestes espaços imateriais que os papéis podem se inverter: o voyeur passa a exibir-se e suas “vitimas” assumem sua postura.

A mídia e a própria web sabem que parafilias dessa natureza são extremamente lucrativas e pulverizam seus apelos: criam sites que exibem desde vídeos amadores aos momentos mais picantes do último reality show:

-Vá lá e dê uma espiadinha!

Pedro Bial também sabe o quanto isso vende!

Não é a toa que o prazer em bisbilhotar na surdina seja o grande trunfo de redes sociais como o Orkut, onde também muita gente se omite em um perfil falso e navega secretamente no universo de muitos.

Mas ainda assim imagino que o voyeur ou voyeuse (versão feminina do voyeur) do passado não se deslumbrariam com toda essa tecnologia, pois o verdadeiro fascínio dessa prática não estava no prazer automático, mas na sedução onisciente.





P.S: Parafilia é um padrão de comportamento sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. São considerados também parafilias os padrões de comportamento em que o desvio se dá não no ato, mas no objeto do desejo sexual. exemplo: voyeurismo,fetichismo,etc

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

...: Não é paz, é medo :...



Na última sexta feira foi anunciado mundialmente o vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2009: o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
A noticia foi se desmanchando no televisor na proporção que uma música da banda O Rappa invadia meu cérebro, como se quisesse gritar o próprio título:

-A paz que eu não quero!

Segundo o comitê que decide pelo vencedor desta premiação, Obama foi escolhido em virtude de seus apelos ao desarmamento nuclear e pela paz mundial, uma convicção que rodou o mundo entre a piada, a esperança e a indignação.

Eis uma nova forma de velar o racismo latente, de maquiar a guerra diária, de submeter distúrbios globais à terapia ideológica de uma só pessoa: premiando o primeiro presidente negro norte americano com o condão de pacifista.

Para os líderes de movimentos nas áreas da Palestina e Afeganistão, o presidente americano não foi capaz de adotar nenhuma nova medida, não executou quaisquer mudança de estratégia e quiçá conseguiu tornar o epicentro dos maiores conflitos mundiais um local estável.
-Pois paz sem voz, não é paz, é medo!

E esse último sentimento se infiltra em cada criatura que tenta sobreviver, a homens-bomba, atentados, armas de destruição em massa e é claro, a uma mentira com cara de Guerra Fria e sensação térmica de sangue quente escorrendo bem diante de seus olhos desacreditados.

As folhas de louro que coroam os aspirantes a “Gandhis da Modernidade”, apodrecem na velocidade de uma carne ao ar livre, pois não possuem nenhuma atitude palpável que possa conservá-las quando em contato com a realidade.

Não se constrói coisa alguma sem ação, sem prática, sem toque e envolvimento: a paz só deixará de ser a escara deste planeta, quando alguém resolver tirar todos os pseudo curativos de cima, e fazer uma desinfecção profunda.

Enquanto isso não acontece, vão vir muitos outros prêmios à inatividade trajados de realização e outros messias vestindo aquele conjuntinho básico de gravata e mediocridade, para tentar nos convencer de que a paz está à caminho ......

No fim do caminho.

O grito que ecoa do Oriente pelo fim das guerras, dos conflitos e da violência se transforma em um único lamento quando se encontra com as vozes do povo ocidental.Nós também clamamos pelo fim dos homicídios, das chacinas, dos assaltos e todo resto, escondidos:

-As grades do condomínio são prá trazer proteção, mas também trazem a dúvida, se é você que tá nessa prisão.
Até mesmo Obama tem na sua própria Casa Branca, uma prisão de segurança máxima, o que significa que ele também não possui a paz, e que esse prêmio é a maior incongruencia que existe, pois só podemos doar aquilo que de alguma forma temos conosco.

Não tenho a força opinativa de um membro do prêmio Nobel, mas para mim Obama não fez por merecer.Também não vou me juntar ao grupo que disse ver no presidente a postura de um pacificador nato ...

..... é pela Paz que eu não quero seguir admitindo.



p.s: Frases em negrito/itálico extraidas da musica “ Minha Alma ( A paz que eu não quero), da banda O Rappa.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

...: Pedro do Chip e outras Catarses :...



O que "Édipo Rei" e o protagonista do fenômeno youtubiano “Pedro me dá meu chip” tem em comum?

Quem respondeu: “uma catarse famosa”, acertou em cheio.

Para Aristóteles o fenômeno da catarse representa a purificação das almas através de uma descarga emocional, provocada por um drama.

Em outras palavras: para viver a catarse é preciso que a criatura submeta-se a uma verdadeira explosão nervosa, onde cuspa seus demônios, sem necessariamente passar por uma sessão do descarrego da Universal.

Naturalmente que ao conceber essa idéia, Aristóteles não imaginava até onde iríamos ao encarnar heróis trágicos do cotidiano, nem mesmo poderia prever que eles se tornariam motivo de pirraça na internet.

Cenas como aquela da moça aos berros, xingando e grunhindo madrugada afora na porta do ex são muito comuns, a questão é que câmeras de bares, boates e até do Google Earth, tem mais o que fazer do que ficar salvando isso com a exclusividade de um Nelson Rubens digital.

Qualquer um de nós está sujeito ao descontrole, como também esta sujeito a ter seu chilique assistido por uma multidão de desconhecidos, sem lucrar um centavo com isso:uma pena.Sim por que a desgraça humana vende como pão quente! Basta uma rápida visita a literatura universal para que se perceba isso.


Obras como a aristotélica "Édipo Rei", na qual o filho mata o pai, casa com a mãe, fica cego e se exila ou a shakesperiana, "Romeu e Julieta", onde o suicídio surge como solução para o insolucionável, são célebres, independente das nacionalidades ou culturas.


Nós vivemos em uma sociedade repleta de regras e normas, que orientam nossa conduta, que por vezes nos transformam em ciborgues de nossas próprias atitudes, calando nossos gritos e silenciando nossas lágrimas para que não incomodem ou invadam o próximo.


De repente alguém faz a pior escolha, assim como o herói trágico, passando da felicidade para a infelicidade num estalar de dedos, e quando quase tudo começa ruir na sua condição de homem regrado e psicologicamente equilibrado, uma catarse eclode na proporção de uma bomba nuclear....

- E o BUMMM! Que segue, é sempre BOM!

Catarse e Catástrofe são da mesma família dos grandes impactos: ambas são veneno e antídoto para perturbação humana.

Ciborgue: Organismo cibernetico,dotado de partes orgânicas e mecânicas, geralmente com a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial.