quarta-feira, 25 de novembro de 2009

...: Reality SHIT:Quando o mal cheiro vem da Tv :...



O fim do ano chega e com ele todas as porcarias da televisão aberta para deixar a sua noite de Natal e Reveillon uma verdadeira versão tupiniquim do Halloween: “Xuxa Especial de Natal”, “Esqueceram de mim” pela 55547598 vez ,“ Show da virada”...

... Haja anti ácido para essa azia!

Mas não pode vomitar agora, por que o prato principal ainda está a caminho e vem sempre no mesmo sabor azedo da repetição: Big Brother Brasil, 10° edição.
Por que outro?Por que a mesmice não exige a análise do organismo que ela emburrece, sendo digerida sem qualquer contestação.

Diferente do Brasil, congelado em um modelo hermético e previsível, outros paises ao redor do mundo que também consomem os reality shows, conseguiram explorar essa atração televisiva em vertentes bem mais complexas.

Quer um exemplo? A Mtv americana decidiu gravar um reality show com um dj da cena de Nova York que a procurou com o objetivo de ajudar outras pessoas a se livrarem das drogas assim como ele o fez.

Porém, durante as gravações, mais especificamente no mês de agosto deste ano, o mesmo dj foi encontrado morto por overdose de remédios e cocaina. Dai criou-se o dilema: exibir ou não a atração? A Mtv exibiu! Dividiu opiniões, suscitou debates, enfim, ousou e polemizou!

Esse é um dado simples para que possam observar a criatividade rasteira de um Big Brother Brasil, onde a “polêmica” ainda é a orientação sexual de uma pessoa, a tatuagem de outra, o modo como uma terceira se veste, em suma: discussões medíocres que caminham para o não menos óbvio, lugar comum.

Alguns podem dizer que exibir um reality show sobre uma pessoa fracassada em sua reabilitação como ex drogado é pura falta de ética. Então eu volto ao nosso caso clássico entre Big Brothers, A fazenda e afins: o que é ético na tv brasileira?

Exibir mulheres seminuas como produto de um marketing pornô disfarçado?Ridicularizar pessoas por sua baixa escolaridade como no caso da ex bbb incapaz de cantar os versos de We Are The World?Ou seria ético chamar de artista pessoas que saracoteiam o traseiro frente a uma câmera ginecológica em tempo real?

Não há ética no capitalismo, muito menos nos realitys shows que são filhos legítimos de sua prole infindável.

O único interesse de um programa desse nível em nosso pais é estagnar ainda mais a compreensão já comprometida de alguns brasileiros em relação a sua própria realidade. É travar qualquer possibilidade de reação e questionamento, e isso é intrínseco ao clichê ignorante desses programas.

Fala-se em “atração interativa”, onde o espectador participa e decide o final: quanta tolice!O modelo dos reality shows é meramente reativo: as decisões são tomadas primeiro lá dentro e só depois repassadas ao público para votação. Isso sem citar as mil e uma edições e montagens que ludibriam o espectador e lhe fazem acreditar que este ou aquele participante seja ora mocinha ora bandido.

Ainda dizem que a espécie humana é naturalmente voyeur, que gosta de espiar a vida alheia, etc, mas isso nem é voyerismo! O voyerismo consiste em ver sem ser visto, e todo mundo ali sabe que esta sendo visto.

Dentre tantas outras limitações e mentiras, os reality shows brasileiros incorporam o mais baixo sentido de uma atração enlatada do U.S.A: mais uma fonte de botulismo para a uma sociedade que já está doente.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

...: O Vestido da Intolerância :...




Jessica Rabbit, Mônica e Geisy Arruda.
O que as três têm em comum?Um vestido vermelho e uma história para contar.

Jéssica Rabbit é a ruiva fatal que enlouquece humanos e animações no filme “Uma Cilada para Roger Rabitt”, já Mônica tornou-se uma das mais famosas personagens do cartunista brasileiro Maurício de Souza e Geizy Arruda trata-se da universitária que chegou a ser expulsa (e recentemente readimitida) de sua faculdade, em virtude do vestido vermelho que usou para assistir às aulas.

O fim dessa última história poderia vir agora mesmo caso as tramas do vestido de Geisy não escondessem (ou revelassem) bem mais que algumas partes de seu próprio corpo. O que se viu nos vídeos gravados por câmeras de celular dentro da Uniban enquanto Geisy atravessa os corredores da instituição foi ainda maior do que uma confusão pura e simples.

A cena sinceramente me remeteu a um comportamento primitivo, típico entre os homens de Neandertal, grunindo famintos frente a uma presa, sem a capacidade de controlar seus instintos animalescos diante daquilo que lhe desperta atenção ou curiosidade.

Comparar as reações dos homens de Neandertal à atitude dos alunos que intimidaram com câmeras e xingamentos a jovem paulista, é perceber que nossa sociedade “evolui” como um paquiderme bêbado: desprovida de sentido e esbarrando na sua própria natureza.

Creio que se o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) fosse um cálculo para medir o quanto pudemos avançar na convivência com o outro, iríamos comprovar que estamos entrando em estado de inércia.

A intolerância que se vive hoje, não se esconde mais no gueto, não está em uma tribo ou facção que sai às escuras para matar minorias, está em uma realidade tão iluminada e próxima, que muita gente fecha os olhos sob a desculpa de foto sensibilidade.

As ruas, as escolas e agora as faculdades estão virando verdadeiros abatedouros da integridade humana e do respeito pelas diferenças. Se alguém é feio, é prontamente hostilizado e vítima de bullying, se muito bonito, logo recebe adjetivos depreciativos para enlamear sua vaidade, quando evangélico é criticado por sua fé, se inteligente, rechaçado em função de seu saber, etc...
Enfim, onde vamos parar?

Vamos então reeditar as idéias de Hitler, vamos abolir a diversidade, vamos viver em um mundo onde o que tem vez é o pensamento da potência vigente, esteja ela em uma pessoa, em um povo ou em uma religião?

Caso não nos conscientizemos que a questão da intolerância é latente a inúmeros setores da sociedade, vamos acabar incorporando um Corredor Polonês onde seremos cúmplices de um covarde assassinato:o assassinato da liberdade.

p.s: Apesar da explícita violência cometida pelos alunos e da injustificável incoerência com que a UNIBAN agiu contra essa universitária, minha visão sobre a personalidade de Geisy Arruda ainda oscila muito, muito....

Seria ela a completa vítima e ocasional algoz de seu próprio drama?
Ou seria apenas mais uma auto candidata à escandalo, em busca de fama fácil e convites para posar em revistas masculinas?

-Tudo bem Michelle... vamos desligar as análises por hora...