quinta-feira, 7 de abril de 2011

...: Tiros em Realengo : Uma tragédia brasileira :...





Um jovem de 23 anos entra em uma escola e promove um verdadeiro massacre: mata 12 crianças, fere mais 17 e finalmente se mata com um tiro na cabeça. Cenas que o Oriente soprou para o resto do mundo como mais um atentado terrorista? Ou seria outra tragédia abatendo o povo americano em uma pacata manhã de quinta feira?


Lamentavelmente não despertamos hoje para nos compadecer e chocar com uma barbárie internacional: vimos com olhos atônitos a tv noticiar que esse banho de sangue aconteceu aqui mesmo no Brasil, em um fatídica escola municipal do Rio de Janeiro.


Falar do desespero dos pais, das mortes prematuras, da chacina e suas conseqüências imediatas é dar voltas em poças de óbvio quando na verdade o que precisa ser discutido são as possíveis raízes desta árvore de frutos podres.


O autor dos disparos na escola municipal de realengo identificado como Wellington Menezes de Oliveira era ex - aluno desta instituição. Seu comportamento foi descrito pelas pessoas que o conheciam como “introspectivo”, apesar de ser muito inteligente e aficionado por jogos e computadores. Parentes de Wellington informaram a Policia que ele era filho adotivo, mas que sua mãe biológica apresentava distúrbios mentais.


Dentre estes dados, nada parece capaz de depor contra a atitude desse jovem, exceto o fato da mãe biológica e parentes consangüíneos apresentarem histórico de demência e o próprio Wellington ter recebido acompanhamento psicológico na infância. Contudo, ao assistir os noticiários que contavam a cada instante o número de vítimas do atirador, uma fala da repórter chamou minha atenção: -Dentre as vítimas estão 10 meninas e apenas dois meninos.


Ficava claro, portanto que o assassino tinha um especial interesse em alvejar pessoas do sexo feminino como uma espécie de purgação. E eu disse purgação? Segue abaixo um trecho da carta de suicídio que o rapaz deixou. Perceba a que a linguagem desse documento está recheada de forte apelo religioso, cheirando a fundamentalismo.





Recheado de facetas desconcertantes, o crime cometido por Wellington ainda foi associado ao bullying que este sofrera ainda nos tempos de colégio, no qual seu estranho modo de vestir e de ser era motivo de piadas, especialmente por parte das – adivinhem - meninas!


Fora as mil análises psicológicas que possam ser feitas em relação a este caso, a idéia de que o autor estava imbuído de premeditação não escapa a nenhuma delas; o uso de dois revolveres, com vasta munição sobressalente e a carta de suicídio endossam esse raciocínio. Aliás, o massacre na escola municipal de Realengo já está sendo colocado na lista de episódios como o ocorrido em Columbine nos Estados Unidos em abril de 1999 e tantos outros com características semelhantes na Escócia, Alemanha e China.


Os motivos para as demais execuções em massa também estavam atrelados a jovens que matavam por serem vítimas de xenofobia, bullying ou simplesmente terem sidos expulsos do colégio onde estudavam. Burrice seria dizer que este tipo de crime é característica única de jovens que não se adequam ao cruel código vigente entre os adolescentes afinal, “ o dia do carteiro” é uma realidade também entre adultos aparentemente normais no E.U.A. Em um dia qualquer, um ex funcionário que foi humilhado, ridicularizado ou demitido injustamente da empresa em que trabalhava,vai até ela e dispara contra chefes e ex colegas de trabalho, executando-os friamente.


A grande questão não é a idade em que a família, a sociedade, ou colegas de trabalho enviam à alguém uma "carta de rejeição" , mas a maneira como o destinário vai reclamar aos próprios correios, que elas não estavam endereçadas corretamente. . .



p.s: Postman Day ou Dia do Carteiro é a nomenclatura utilizada nos E.U.A para determinar um tipo de chacina cometida por quem decide matar os ex companheiros de trabalho e proprio ex chefe após ter sido demitido injustamente ou ter passado por humilhações no ambiente de trabalho.