terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

...: Alegria às Avessas :...





Ah! é Carnaval!
Derriére e pares de seios com vida própria, purpurina tomando lugar de roupa, reportagens sobre o tapa sex da passista, enfim, a multiplicidade do inútil que só a folia pode proporcionar.

Durante a festa, confetes e serpentinas tornam-se hábeis artifícios para camuflar um “intensivão”do total estado de decadência da sociedade. Nas ruas ou nos bailes de gala da aristocracia, a busca por uma felicidade imediata, que logo irá verter lágrimas de vazio existencial.

Nem mesmo o brilho das fantasias consegue evitar o encontro dos foliões com os altos índices de violência e criminalidade que sobem assustadoramente durante os quatro dias de diversão (?).
A sensação de liberdade mistura-se ao álcool como um combustível inesgotável, capaz de fazer com que tudo pareça* permitido: roubar, matar, estuprar,etc.

Pior é saber que essas tragédias carnavalescas são misteriosamente encobertas por ALGUNS grupos da imprensa, que se preocupam unicamente em divulgar os bailes da elite e vestem com o manto negro da alienação as atrocidades que são cometidas por toda parte.

Poucos tiram as máscaras e revelam a verdadeira face desta data que marca o calendário do povo brasileiro com o sangue de pessoas inocentes, derramado por razões tão fúteis como a briga entre dois beberrões que acaba em um disparo fatal.

Quem abre a boca para falar em “valorização popular” nesta época do ano o faz por duas únicas razões: por interesses de ordem política que mantenham a massa em um estado de ópio-zumbi para sua melhor manipulação ou por que é desprovido de olfato para não sentir o cheiro podre da “cultura de lixo” do reinado de Momo.

É revoltante ver artistas das comunidades mais pobres desse país sendo usados para promover os produtos midiáticos do carnaval, e depois descartados como roupas “ fora de moda”.
Aliás, a palavra descarte é o sinônimo indissociável da folia, pois para muitos, o amanha não importa e vai todo mundo brincar de super-homem no Bloco da Irresponsabilidade:sexo sem camisinha, uso de drogas,prostituição de menores... Tudo junto e misturado!

Mas lá para a Quarta Feira de Cinzas, ou muito depois dela, um outro bloco passa, o Bloco da Conseqüência: gravidez indesejada, aids, traumas e até morte: ninguém brinca!
É o tradicional bloco do “Eu sozinho.”
A percepção dessas distorções carnavalescas não se trata de uma análise proibitiva, mas uma reflexão muito pessoal para cada ser humano sobre onde de fato reside a alegria.


A dor nunca foi tão colorida...