segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

...:Sex n' Violence :...



Que a Avenida Paulista se transformou em uma trincheira de violência contra os homossexuais, o país inteiro já sabe. A polícia do estado de São Paulo já contabilizou sete ataques homofóbicos somente em 2010, sendo o último deles registrado no dia 05 deste mês.
Mas afinal, alguém pode explicar qual a raiz dessa equação comportamental entre sexualidade e intolerância?


- Com a palavra, a cultura!


Não é preciso recorrer a análises antropológicas muito complexas para perceber que a relação entre sexo e agressividade encontra-se incrustada em nossa realidade ,chegando inclusive à combinações muito nocivas para o convívio social.

O laboratório mais clássico para observar tal coisa pode ser um bar na esquina da sua casa, por exemplo, basta que nele estejam reunidos alguns "machos heterossexuais", pavoneando-se mutuamente de experiências íntimas com suas respectivas parceiras (ou não).


Dizem então os “machos alfa”:

- Ah!Eu vou agarrar aquela “gostosa”!


Detalhe que o adjetivo “gostosa” é pronunciado com ênfase, assim como os demais palavrões que em nosso vocabulário substituem a nomenclatura padrão de órgãos genitais femininos, masculinos e o próprio sexo.

Se em nossa linguagem a ligação entre sexo e agressividade se expressa de forma tão clara, percebê-la estampada nas atitudes de alguns indivíduos não é surpresa, pois os termos que utilizamos na comunicação manifestam oralmente opiniões muito fundamentais de nossa cultura.


O sexo está no cotidiano, na mídia e em milhares de outras fontes que nos cercam, mas a sociedade ainda carrega um séqüito muito particular de pagãos travestidos, capazes de tratar qualquer insinuação sexual como algo proibido e que deve ser punido com desaprovação, preconceito e brutalidade.

Muita gente fala de emancipação sexual, mas continuamos batendo nas mesmas teclas e sabe por quê? Por que em nossa sociedade essa questão não está bem resolvida!

Caso estivesse, esse tema não se repetiria em looping e esse coquetel molotov de agressividade e sexo não explodiria nas ruas sob a forma de jovens problemáticos com a própria orientação sexual que descontam seu ódio em quem decide assumir-se apenas por conhecer-se muito bem.

Enquanto a dobradinha sexo e agressividade não sofrer um desencaixe ou pelo menos uma compreensão isolada de suas proporções não se atingirá uma qualidade de convivência quanto as diferentes formas de orientação sexual que hoje existem.

Condenar o impulso destrutivo dos jovens que têm vitimado homossexuais na Avenida Paulista ou em qualquer outro local do planeta é de fato necessário, porém, me parece ainda mais urgente que possamos estimular o nosso poder de dissociação.


Küsse Amigos, até a próxima!