quarta-feira, 6 de novembro de 2013

...: Reflexões sobre o " e se" :...






Muitas inquietações sacodem nossas entranhas: do  complexo "Ser ou não Ser " shakesperiano,  ao não menos angustiante "isto ou aquilo" de Cecilia Meireles. Somos um depósito mutável de impulsos e motivações esperando por escolhas. Daí dependendo das avaliações individuais das opções ou na ansiedade torturante de optar por algo na velocidade da luz, vamos tomando decisões  
As vezes essas escolhas são paridas com muito custo, com aquele cordão umbilical do medo de errar te sufocando, e você sai da crise pelo fórceps da circunstância.E ainda assim, após ter enfrentado toda esse caos interno, lá vem o verme da dúvida plantar-lhe na mente a expressão mais inquietante do universo: "e se"?





                                      E agora José?



É como se a vida viesse te oferecer 100 caminhos para seguir, mas, pelas limitações da própria Física em relação ao tempo e espaço,você só pode optar por um. Daí, com seu caminho escolhido, você passa a fazer planos, a cultivar sonhos,porém,de repente,bate uma saudade...
Sim! A maldita nostalgia das 99 outras opções que deixamos para trás! 
O "e se" é a partícula universal da neurose e quando a deixamos invadir nossa química cerebral sem filtros, é capaz de darmos "tilts" por aí, tipo aquelas máquinas de pinball que travam com um empurrão ou a temida tela azul do Windows. 

                                                               Cause shit happens!!!

Não ha fórmula para vencer as artimanhas do "e se", especialmente quando ele resolve criar memórias do que você ainda nem viveu como um curta metragem do que poderia ser ou não ser. Uma especie de flashback do não experimentado, que te remete à coisas e pessoas com as quais você jamais lidou só para comprometer ainda mais o processo decisão.


                         Questions.... questions... questions...



Acredito  que aquele que muito cogita pouco vive, então é melhor deixar as escolhas virem a tona e responsabilizar-se por elas. Erros e acertos fazem parte do nosso amadurecimento e ficar só imaginando o que renunciamos é perda de tempo. Digo isso por que a visão da renúncia é sempre romanceada na nossa cabeça, já reparou? Tudo seria melhor e mais bonito se pudêssemos resgatar aquela escolha desprezada: fique esperto! A nossa mente A-D-O-R-A bancar a ilusionista  nessas horas, com direito a nos cortar ao meio  no caixote da incerteza, jurando que sairemos de lá pela metade.


Os contos de fadas do " e se" acabam quando a gente lembra que viver não é começo, meio e fim com a mesma fotografia, a mesma trilha sonora, os mesmos personagens. Viver é intempérie  é chuva e sol, é frio e quente, é gripe e beijo na boca ( Eca! Não nessa ordem!), enfim, perfeição não define a vida como ela é.




O que define é dar motivação aos próprios passos, é percorrer o caminho,tropeçando nas pedras, passando aquele Mertiolate que não arde mais e seguir em frente. O "e se" pode surgir vez ou outra, como um fantasma que te assombra no fracasso,como se debochasse das suas opções ate aqui,mas não se desespere: os fantasmas do " e se" se alimentam da sua insegurança  deixe-os famintos de atenção e todos irão desaparecer.





quarta-feira, 9 de outubro de 2013

...: Michelinha: ...






                                                                                                 
                                                                                                     Hi, folks!!!!!


Com a proximidade do dia das crianças cujo feriado é uma desculpa lojista-cristã para vendas infantis  e esbornia adulta, retomo este blog com um relato de minhas faceirices de pequena. Disse pequena? A graça já começa ai! Nunca fui uma baixinha: nem para Xuxa nem para fita métrica! Nasci vendendo centímetros em altura na principal maternidade de Olinda - Pernambuco!

Segunda minha mãe, ate hoje o berçário dispõe de uma plaquinha onde se lê meu nome e data de nascimento por conta do aniversario da maternidade,mas isso é outra historia. Como dizia anteriormente,também não era dada a fanatismos "paquitóides" ou de idolatria Global: meu negocio era sentar frente a TV e ver desenhos. Era o suficiente para hipnotizar-me horas a fio. 

De personalidade arteira, contam-me inúmeros "causos" que protagonizei na infância,  na maioria deles, segundo os mais velhos,era*  um gênio perigoso,de perguntas embaraçosas e de uma empáfia que já trazia consigo esse meu " eu jornalistico" de hoje. 
Mamãe me conta que eu não tinha medo de nada! Absolutamente!
 Era tão destemida que no alto de meus sete anos, gritava sozinha para o quintal escuro :

 - "Bissu!( bicho*)! Vem pegar Michelle!"  

 Ou seja: enquanto todas as crianças tremiam só de imaginar um abraço de um ser  imaginário eu estava lá, invocando-o com a naturalidade de uma necromante,vejam só... 
Hitchcock estava me perdendo!

Segundo parentes eu detestava lidar com outras crianças  eu queria ter com os adultos. Porém, essa tarefa vinha cheia de atropelos e vira e mexe eu metia os pés pelas mãos  Dizem que uma vez meu saudoso avô, Seu Lobato,estava me dando uma bronca feia e dai, com os nervos in flames,bem ao meu estilo, respondi ao meu avô:
" -Pára de gritar comigo, MOÇA ANTIPÁTICA  "


Sim! Soltei essa frase sem noção de gênero ou ofensa, mas jurando que fazia uma irretocável defesa adulta ao meu favor... Todos caíram no riso,obvio! 

 Alias, meu avô, que era tudo no meu convívio infanto-juvenil, foi alvo de vários dos meus ataques de fúria,de perguntas, de manhas,enfim... Ele foi um bravo homem também por isso. 
Certa vez,já com uns 10 anos, estávamos todos na sala e a tv exibia uma propaganda contra Aids no carnaval... Aquela tosquice de camisinhas antropomorfas dançando entre confetes e ate flertando entre si ( Deus! O que eram as campanhas "educativas" dos anos 80/90???). Eu,encantada com aquele horror( horror mesmo!) de cores e informações  soltei a pergunta cretina; - Pai! ( assim o chamei sempre!), O QUE É UMA CAMISINHA? 
A sala de estar la de casa virou um convento de repente.Silêncio. 

                                       Meu avô lindo que aguentava meu gênio curioso 

Dai meu avô, desenroladamente,  disse-me que camisinha era " uma roupa contra as doenças" e fim de papo. Depois disso assistir tv comigo era uma atividade evitada por toda família:creiam! Alem de invocadora de entidades sobrenaturais, desbocada, perguntadeira mór,  eu também achava que sabia voar. Não só achava como me coloquei de instrutora para minha irma menor,Marina. A  ideia que sugeri a Marina, era que saltássemos da cama de casal dos meus avós ao chão, assim,pura e simplesmente.

                                                                                         PURO AMOR !

 Eu fui na frente pra dar o exemplo. Minha irma veio atras, pra dar com o queixo no chao!

 A pobrezinha parecia a Linda Blair em "O Exorcista"! Toda descabelada, com a camisa encharcada de sangue. Levou uns cinco pontos e uma lembrança em forma de cicatriz pra me detestar pra vida toda.Mas acreditem: hoje ela me ama so não acredita que meus ossos sejam pneumáticos e eu possa tocar as nuvens... 

                                                                                   Eu e Marina Quebra Queixo

Isso por que me falta aqui citar os meus grandes feitos infantis no ambiente escolar,tantos que já poderia coloca-los no currículo profissional de hoje como "atividades extras",mas conto em outra oportunidade. O que posso dizer é que minha infância foi formidável  Nunca me faltou coisa alguma: diversão  sorrisos, umas palmadas pra aprender a respeitar que é bom e todo mundo gosta...Mas essencialmente, nunca faltou amor! Nunca faltou cuidado,carinho! E esse é exatamente o tipo de sentimento que eu desejo que os pais possam nutrir pelos seus filhos. Sentimentos esses muito raros em um mundo onde livrar sua família de uma tragédia por conta das drogas ou da  criminalidade  é um verdadeiro "nadar contra a corrente".