sábado, 29 de outubro de 2011

...: Dos Ancestrais ao Halloween: uma questão de Raízes :...


                                                   
Já ouvi dizer que para o povo africano, a morte de uma pessoa mais velha significa o mesmo que atear fogo em uma biblioteca: perdem-se com ela informações e experiências que poderiam acrescentar muito a vida de outras pessoas.
Eis um pensamento que respeito, sabe?
Aliás, o meu respeito para com os mais velhos estende-se aos mais antigos, ou melhor, aos nossos ancestrais. Além das heranças óbvias como o idioma, os costumes e as tradições, creio que uma grande contribuição de nossos antepassados está expressa nas lendas, essa forma milenar de descrever e explicar o mundo  através de relatos ricos em detalhes e com uma pitada de magia.
Nesse sentido, tenho que afirmar, a contragosto de ufanistas verde-amarelos que sou uma grande fã do Halloween. Digo isso por que antes mesmo de conhecer essa festa a fundo, já era encantada pelo universo místico que os Celtas criaram há tanto tempo através de seus rituais, capazes de integrar o calendário de países tão diversos como o Japão e o Brasil.


Sei que antropólogos, folcloristas e até esses defensores de plástico da identidade nacional devem surtar com esse meu modo de pensar, mas eu lhes pergunto: - Existe algum movimento advindo da ancestralidade  de nosso país que tenha  referência em escala global, atingindo do Oriente ao Ocidente, tal qual o Halloween? Apresentem-me! Eu desconheço!

Tudo bem que o nosso Carnaval tem cópia na Finlândia, o que é bem pitoresco também, mas trata-se de algo pontual, isto é, as pessoas não saem vendendo serpentinas mundo afora, e no conceito de ancestralidade, o carnaval nem é obra nossa, nasceu na Grécia, e, portanto não cabe nesta análise.
Galera caindo no samba em Helsinki, na Finlândia!

Certo que a Europa e mais precisamente, os E .U. A  sabem vender os seus produtos como ninguém, mas o segredo deles e do Halloween não é mero marketing.
A diferença é que por lá eles “vestem a camisa”, ou melhor, as fantasias! E fazem isso    como desculpa para a esbórnia ou para reviver na brincadeira pura e simples, uma crença de seus antepassados Celtas.
Claro que há alterações e inferências várias, até por que a cultura não é um membro engessado sem movimento, mas um braço no melhor estilo Carmem Miranda: com pulseiras de “ todas as cores” sacodindo de “todas as formas”.
Em nosso país fomos privilegiados  com milhares de elementos e manifestações belíssimas que sequer são ensinadas nas escolas e nossas crianças saem de lá sem referencia sólida acerca disso.

Há o Dia do Folclore como data comemorativa, mas ninguém sai pendurando Sacis nas portas de suas casas ou se veste de mula sem cabeça!
O que? Achou ridículo? E decorar o jardim com uma abóbora iluminada também não é?
Mas a partir do momento que eu sei que essa abóbora remete à lenda  Celta do Jack O’ Lantern e sua saga pelo Limbo, tudo ganha sentido e a  tradição se fortalece através dos tempos.
Nós também precisamos nos conhecer melhor culturalmente, as nossas lendas e mitos, a nossa identidade cultural construída aos trancos e barrancos das mil e uma colonizações.
É muito fácil arrotar amor à brasilidade com um baseado a tiracolo e uma cabeça fora da realidade, difícil é convencer a todos de que é necessário proteger a nossa memória  para que possamos formar uma sociedade consciente  do valor de suas raízes.
Küsse Amigos e ....


P.S: a foto lá do alto é de minha bizavó por parte de mãe, Dona Itelvina, quando jovem.Infelizmente ela já não está mais entre nós.

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