Se você ainda não assistiu ao
vídeo “ Para nossa alegria”, também conhecido pela alcunha de “Cantando em
Família”, certamente vivemos em galáxias digitais muito distantes.
A pequena “jam session” em família, protagonizada por Suellen, Jefferson e
Marinalva Barbosa está no topo do ranking brasileiro dos vídeos mais acessados
no site You Tube, com cerca de 11784259 exibições até a noite desta terça -
feira(27).
Além de ter sido “homenageado” em versões funk, rock e até com
outros “atores” em seu elenco, “ Para
Nossa Alegria” virou bordão e até meme
da web.
Com tamanha repercussão, você
pode estar se perguntando: ”- Mas que
Diabos têm esse vídeo infame para se tornar a nova epidemia deste país?”
A resposta é simples: “ - Ele está recheado de clichês”
Claro que Suellen nem deve ter
pensado nisso, nem mesmo que está também endossando a tese de Andy Warhol de
que no futuro todos teriam seus 15 minutos de fama. Contudo, “Para Nossa Alegria”
é uma bomba de lugar comum no que tange ao humor e se apropria mesmo sem querer
de elementos das mídias virtual e eletrônica para compor a arquitetura de sua
piada.
Quer um exemplo? Todo mundo que
assiste ao vídeo comenta o sorriso intrigante de Suellen e mais ainda, de seu
irmão: aquela falta de naturalidade, aquela dentição espelhada vagando entre o
forçado e o grotesco... Ah sim, eu já vi!
Jefferson nada mais é do que uma
versão melhorada à base de dentifrício de Tião Macalé, lembram? Aquele de” Os Trapalhões”, conhecido pelo seu indefectível
bordão;” Ih,nojento! Tcham!”É meu amigo, e você achando que a
sua risada não tem memória associativa.
Outro aspecto que descontrola o
riso de quem vê esta obra prima da falta do que fazer trata-se da entrega com a qual Suellen entoa
o hino gospel “Galhos Secos” de uma
forma absurdamente desafinada: cada solfejo
é um “gorfejo” ( sim esse neologismo é meu).
Ora: rir do desafinado é rir de
quem crê piamente em um talento que nunca teve e não há nada mais engraçado do
que um bom papelão como esse para nos levar as lágrimas de alegria. Vai dizer
que você não se lembra disto também:
Não importa o quanto ela tenha
dado explicações para seu fiasco: o fato é que o Brasil inteiro sorriu com o
vexame que a cantora Vanusa passou ao tentar cantar o hino nacional com a
acuidade de um bêbado em um evento. Uso de remédios tarja preta, alcoolismo,
enfim, ninguém sabe ao certo o que houve, mas a gente riu e repete a dose agora
para nossa alegria*.
Ainda poderia aqui fazer conexões
sobre os movimentos a la “ Fat Family” feitos por Suellen logo no inicio da
canção ou ao "bocão Royal" de seu irmão no clímax do vídeo, mas estas são observações
secundárias.
O que quero dizer é que até para
o humor, nossa mente possui um repertório próprio para reconhecer se o que é
visto, ouvido ou lido por nós se traduz em piada ou não. Esse vídeo é uma
empada de clichês da qual já estamos cheios até a tampa, mas que se renovam em
virtude dos contextos onde se adaptam, através de significados mutáveis ao
sabor das gerações.
Portanto, não se impressione com
as porcarias que surgem nas redes sociais e no universo midiático em geral:
elas são parte da mesma fórmula que nossos pais já consumiram, porém com uma
embalagem mais moderna (memes, stand up, etc).
A diferença agora é que o conteúdo dessa fórmula se decompõe em menos de 5
segundos, tamanha é a putrefação da ideia na era do instantâneo.
Guria, quanto tempo. Essa correria maluca me fez ficar afastada um bom tempo do mundo bloguistico.
ResponderExcluirCom relação a essa nova febre, também não entendi o por quê das pessoas terem achado tanta graça.
Pior é aguentar isso por muito tempo.
Beijos gata!