quarta-feira, 28 de março de 2012

...: Clichê para nossa alegria ( e não leia esse título cantando!) :....







Se você ainda não assistiu ao vídeo “ Para nossa alegria”, também conhecido pela alcunha de “Cantando em Família”, certamente vivemos em galáxias digitais muito distantes.
A pequena “jam session” em família, protagonizada por Suellen, Jefferson e Marinalva Barbosa está no topo do ranking brasileiro dos vídeos mais acessados no site You Tube, com cerca de 11784259 exibições até a noite desta terça - feira(27).
Além de ter sido  “homenageado” em versões funk, rock e até com outros  “atores” em seu elenco, “ Para Nossa Alegria” virou bordão e  até meme da web.


Com tamanha repercussão, você pode estar se perguntando: ”- Mas que Diabos têm esse vídeo infame para se tornar a nova epidemia deste país?
A resposta é simples: “ - Ele está recheado de clichês
Claro que Suellen nem deve ter pensado nisso, nem mesmo que está também endossando a tese de Andy Warhol de que no futuro todos teriam seus 15 minutos de fama. Contudo, “Para Nossa Alegria” é uma bomba de lugar comum no que tange ao humor e se apropria mesmo sem querer de elementos das mídias virtual e eletrônica para compor a arquitetura de sua piada.
Quer um exemplo? Todo mundo que assiste ao vídeo comenta o sorriso intrigante de Suellen e mais ainda, de seu irmão: aquela falta de naturalidade, aquela dentição espelhada vagando entre o forçado e o grotesco... Ah sim, eu já vi!

Jefferson nada mais é do que uma versão melhorada à base de dentifrício de Tião Macalé, lembram? Aquele  de” Os Trapalhões”, conhecido pelo seu indefectível bordão;” Ih,nojento! Tcham!”É meu amigo, e você achando que a sua risada não tem memória associativa.
Outro aspecto que descontrola o riso de quem vê esta obra prima da falta do que fazer  trata-se da entrega com a qual Suellen entoa o hino gospel  “Galhos Secos” de uma forma absurdamente desafinada: cada solfejo  é um “gorfejo” ( sim esse neologismo é meu).
Ora: rir do desafinado é rir de quem crê piamente em um talento que nunca teve e não há nada mais engraçado do que um bom papelão como esse para nos levar as lágrimas de alegria. Vai dizer que você não se lembra disto também:

Não importa o quanto ela tenha dado explicações para seu fiasco: o fato é que o Brasil inteiro sorriu com o vexame que a cantora Vanusa passou ao tentar cantar o hino nacional com a acuidade de um bêbado em um evento. Uso de remédios tarja preta, alcoolismo, enfim, ninguém sabe ao certo o que houve, mas a gente riu e repete a dose agora para nossa alegria*.
Ainda poderia aqui fazer conexões sobre os movimentos a la “ Fat Family” feitos por Suellen logo no inicio da canção ou ao "bocão Royal" de seu irmão no clímax do vídeo, mas estas são observações secundárias.

O que quero dizer é que até para o humor, nossa mente possui um repertório próprio para reconhecer se o que é visto, ouvido ou lido por nós se traduz em piada ou não. Esse vídeo é uma empada de clichês da qual já estamos cheios até a tampa, mas que se renovam em virtude dos contextos onde se adaptam, através de significados mutáveis ao sabor das gerações.
Portanto, não se impressione com as porcarias que surgem nas redes sociais e no universo midiático em geral: elas são parte da mesma fórmula que nossos pais já consumiram, porém com uma embalagem mais moderna (memes, stand up, etc).
A diferença agora é que o conteúdo  dessa fórmula se decompõe em menos de 5 segundos, tamanha é a putrefação da ideia na era do instantâneo.

Um comentário:

  1. Guria, quanto tempo. Essa correria maluca me fez ficar afastada um bom tempo do mundo bloguistico.
    Com relação a essa nova febre, também não entendi o por quê das pessoas terem achado tanta graça.
    Pior é aguentar isso por muito tempo.
    Beijos gata!

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