quarta-feira, 30 de setembro de 2009

...: Paradigma da Substituição :...


No próximo dia 28 de outubro, cinemas do mundo todo vão estar lotados para a exibição de “This is It”. O filme da Warner Bros trará uma compilação dos últimos momentos de Michael Jackson nos preparativos da turnê que marcaria sua volta aos palcos, caso não fosse surpreendido pela morte.

Em Londres, os fãs já compraram cerca de 30 mil ingressos somente no primeiro dia de vendas, superando estréias com bilheterias milionárias como “ Senhor dos Anéis” e “ Harry Potter”.

Mas o que leva essa legião de pessoas a enfrentar filas e gastar fortunas para rever momentos inéditos do astro pop? Respostas diretas darão conta deste fenômeno como fruto do apelo midiático puro e simples, que faz jorrar cascatas de ouro à custa de qualquer celebridade.

Ou mesmo dirão que faltam valores às pessoas, e por isso muitos se entregam fácil a essas comoções marketeiras, como se buscassem preencher uma lacuna vazia em suas entranhas.

Contudo, há um outro aspecto relevante nessas manifestações públicas de fanatismo: o paradigma da substituição. Ou seja: enquanto para alguns, esse filme é a prova de que Michael é incomparável em sua fórmula, para outros, trata-se da cartada final de um pop star e seus produtores, que abre espaço ao seguinte questionamento:

Quem será o próximo?
Ou ainda: Haverá o próximo?


Enquanto isso vamos ouvindo um: “ -Ninguém é insubstituível” aqui ou acolá, só para garantir uma brecha aos que desejam faturar alto lançando um ídolo pré-fabricado na pressão alucinante do mercado fonográfico.

Mas esse tipo de comentário trai a própria gênese de uma nova estrela: os ídolos não surgem para substituir, surgem para revolucionar. Não adianta repaginar o conhecido, fazer flash backs daquilo que já se tem em excesso: é preciso ser o que nenhum outro ícone já foi ou é na atualidade.

Lembro que até um tempo atrás, muitas pessoas estavam encantadas com uma garotinha chamada Britney Spears e ousaram nomeá-la como a “Nova Madonna”, fato que rendeu até a capa da revista Rolling Stones à moça.

Porém os dias se passaram e com eles a sanidade: Britney agrediu papparazzi, perdeu a guarda dos filhos, teve um surto psicótico e até ficou careca.

Hoje, caminhando bem aquém do sucesso que seria esperado da trajetória de uma material girl, ela amarga posições nas paradas internacionais, ficando atrás de cantoras como Katy Perry, Lady Gaga, e da invicta Madonna.

Então não venhamos com essa de que “ninguém é insubstituível”, especialmente no universo artístico: não há ainda como exumar um Chucky Berry para o rock nem uma Marilyn Monroe para o cinema, são eternos e incorruptíveis na sua originalidade.
Todo o resto, com raríssimas exceções, são cópias paridas de uma máquina xérox, genéricos sem efeito ou pior: placebos de criatividade, que só vão sendo engolidos por gente sem senso crítico, com doses cavalares de escândalos.

Comparações no universo do show biss são crimes inevitáveis: alguém aponta sua arma de convicção e dispara sem perceber idéias que tentam inutilmente argumentar sobre a potência de um artista “moderninho” sobre a de outro naturalmente inventivo.

Mas esse é o tipo de tiro que sempre sai pela culatra, pois não tem pólvora suficiente para superar as trincheiras étnicas ou sociais existentes e transformar-se em sucesso.Já o artista nato, como Michael, veio de berço com munição pesada: por que ele sabia que o campo de batalha não era o palco, mas sim a febre de sua bala de talento ricocheteando ao redor do mundo.


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