quarta-feira, 25 de novembro de 2009

...: Reality SHIT:Quando o mal cheiro vem da Tv :...



O fim do ano chega e com ele todas as porcarias da televisão aberta para deixar a sua noite de Natal e Reveillon uma verdadeira versão tupiniquim do Halloween: “Xuxa Especial de Natal”, “Esqueceram de mim” pela 55547598 vez ,“ Show da virada”...

... Haja anti ácido para essa azia!

Mas não pode vomitar agora, por que o prato principal ainda está a caminho e vem sempre no mesmo sabor azedo da repetição: Big Brother Brasil, 10° edição.
Por que outro?Por que a mesmice não exige a análise do organismo que ela emburrece, sendo digerida sem qualquer contestação.

Diferente do Brasil, congelado em um modelo hermético e previsível, outros paises ao redor do mundo que também consomem os reality shows, conseguiram explorar essa atração televisiva em vertentes bem mais complexas.

Quer um exemplo? A Mtv americana decidiu gravar um reality show com um dj da cena de Nova York que a procurou com o objetivo de ajudar outras pessoas a se livrarem das drogas assim como ele o fez.

Porém, durante as gravações, mais especificamente no mês de agosto deste ano, o mesmo dj foi encontrado morto por overdose de remédios e cocaina. Dai criou-se o dilema: exibir ou não a atração? A Mtv exibiu! Dividiu opiniões, suscitou debates, enfim, ousou e polemizou!

Esse é um dado simples para que possam observar a criatividade rasteira de um Big Brother Brasil, onde a “polêmica” ainda é a orientação sexual de uma pessoa, a tatuagem de outra, o modo como uma terceira se veste, em suma: discussões medíocres que caminham para o não menos óbvio, lugar comum.

Alguns podem dizer que exibir um reality show sobre uma pessoa fracassada em sua reabilitação como ex drogado é pura falta de ética. Então eu volto ao nosso caso clássico entre Big Brothers, A fazenda e afins: o que é ético na tv brasileira?

Exibir mulheres seminuas como produto de um marketing pornô disfarçado?Ridicularizar pessoas por sua baixa escolaridade como no caso da ex bbb incapaz de cantar os versos de We Are The World?Ou seria ético chamar de artista pessoas que saracoteiam o traseiro frente a uma câmera ginecológica em tempo real?

Não há ética no capitalismo, muito menos nos realitys shows que são filhos legítimos de sua prole infindável.

O único interesse de um programa desse nível em nosso pais é estagnar ainda mais a compreensão já comprometida de alguns brasileiros em relação a sua própria realidade. É travar qualquer possibilidade de reação e questionamento, e isso é intrínseco ao clichê ignorante desses programas.

Fala-se em “atração interativa”, onde o espectador participa e decide o final: quanta tolice!O modelo dos reality shows é meramente reativo: as decisões são tomadas primeiro lá dentro e só depois repassadas ao público para votação. Isso sem citar as mil e uma edições e montagens que ludibriam o espectador e lhe fazem acreditar que este ou aquele participante seja ora mocinha ora bandido.

Ainda dizem que a espécie humana é naturalmente voyeur, que gosta de espiar a vida alheia, etc, mas isso nem é voyerismo! O voyerismo consiste em ver sem ser visto, e todo mundo ali sabe que esta sendo visto.

Dentre tantas outras limitações e mentiras, os reality shows brasileiros incorporam o mais baixo sentido de uma atração enlatada do U.S.A: mais uma fonte de botulismo para a uma sociedade que já está doente.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

...: O Vestido da Intolerância :...




Jessica Rabbit, Mônica e Geisy Arruda.
O que as três têm em comum?Um vestido vermelho e uma história para contar.

Jéssica Rabbit é a ruiva fatal que enlouquece humanos e animações no filme “Uma Cilada para Roger Rabitt”, já Mônica tornou-se uma das mais famosas personagens do cartunista brasileiro Maurício de Souza e Geizy Arruda trata-se da universitária que chegou a ser expulsa (e recentemente readimitida) de sua faculdade, em virtude do vestido vermelho que usou para assistir às aulas.

O fim dessa última história poderia vir agora mesmo caso as tramas do vestido de Geisy não escondessem (ou revelassem) bem mais que algumas partes de seu próprio corpo. O que se viu nos vídeos gravados por câmeras de celular dentro da Uniban enquanto Geisy atravessa os corredores da instituição foi ainda maior do que uma confusão pura e simples.

A cena sinceramente me remeteu a um comportamento primitivo, típico entre os homens de Neandertal, grunindo famintos frente a uma presa, sem a capacidade de controlar seus instintos animalescos diante daquilo que lhe desperta atenção ou curiosidade.

Comparar as reações dos homens de Neandertal à atitude dos alunos que intimidaram com câmeras e xingamentos a jovem paulista, é perceber que nossa sociedade “evolui” como um paquiderme bêbado: desprovida de sentido e esbarrando na sua própria natureza.

Creio que se o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) fosse um cálculo para medir o quanto pudemos avançar na convivência com o outro, iríamos comprovar que estamos entrando em estado de inércia.

A intolerância que se vive hoje, não se esconde mais no gueto, não está em uma tribo ou facção que sai às escuras para matar minorias, está em uma realidade tão iluminada e próxima, que muita gente fecha os olhos sob a desculpa de foto sensibilidade.

As ruas, as escolas e agora as faculdades estão virando verdadeiros abatedouros da integridade humana e do respeito pelas diferenças. Se alguém é feio, é prontamente hostilizado e vítima de bullying, se muito bonito, logo recebe adjetivos depreciativos para enlamear sua vaidade, quando evangélico é criticado por sua fé, se inteligente, rechaçado em função de seu saber, etc...
Enfim, onde vamos parar?

Vamos então reeditar as idéias de Hitler, vamos abolir a diversidade, vamos viver em um mundo onde o que tem vez é o pensamento da potência vigente, esteja ela em uma pessoa, em um povo ou em uma religião?

Caso não nos conscientizemos que a questão da intolerância é latente a inúmeros setores da sociedade, vamos acabar incorporando um Corredor Polonês onde seremos cúmplices de um covarde assassinato:o assassinato da liberdade.

p.s: Apesar da explícita violência cometida pelos alunos e da injustificável incoerência com que a UNIBAN agiu contra essa universitária, minha visão sobre a personalidade de Geisy Arruda ainda oscila muito, muito....

Seria ela a completa vítima e ocasional algoz de seu próprio drama?
Ou seria apenas mais uma auto candidata à escandalo, em busca de fama fácil e convites para posar em revistas masculinas?

-Tudo bem Michelle... vamos desligar as análises por hora...




sexta-feira, 23 de outubro de 2009

...: Voyeurs da Web :...


O desejo de espionar a vida alheia divide os seres humanos em dois grupos:

O primeiro responde por uma minoria puritana que considera essa prática repugnante e abominável para nossa sociedade. Já o segundo, trata-se de uma maioria avassaladora cuja habilidade em espreitar o outro às escondidas faz da internet um verdadeiro Kama-Sutra do voyeurismo.

É inegável que as características de acessibilidade e interação promovidas pelo ciberespaço foram um verdadeiro orgasmo para quem busca satisfazer-se sexualmente apenas pela observação anônima.

Há um encaixe quase perfeito entre olhos orgânicos e digitais: as retinas que antes se congelavam no binóculo ao tentar flagrar a vizinha atraente, hoje fazem o mesmo diante do computador.

O que de fato muda para o voyeur da atualidade é o processo de fruição do seu objeto de desejo, ou seja, ele não vai mais precisar dependurar-se em uma árvore para ter o melhor ângulo daquela mulher incrível, vai mudar a posição de uma web cam .

Por que a web cam? Porque como toda criatura moderna e atribulada, o voyeur tem mil outras obrigações e não pode perder tanto tempo esperando a hora exata da vizinha posicionar-se na sacada.

Não há mais espera: há imediatismo! E para este último, milhões de salas de bate papo onde é possível assistir a todo tipo de estimulação sexual (e o próprio sexo) através de um monitor afrodisíaco.

Nesse processo a identidade de quem observa prossegue em segredo, mantendo o arquétipo do voyeur clássico, porém, tamanha é a liberdade nestes espaços imateriais que os papéis podem se inverter: o voyeur passa a exibir-se e suas “vitimas” assumem sua postura.

A mídia e a própria web sabem que parafilias dessa natureza são extremamente lucrativas e pulverizam seus apelos: criam sites que exibem desde vídeos amadores aos momentos mais picantes do último reality show:

-Vá lá e dê uma espiadinha!

Pedro Bial também sabe o quanto isso vende!

Não é a toa que o prazer em bisbilhotar na surdina seja o grande trunfo de redes sociais como o Orkut, onde também muita gente se omite em um perfil falso e navega secretamente no universo de muitos.

Mas ainda assim imagino que o voyeur ou voyeuse (versão feminina do voyeur) do passado não se deslumbrariam com toda essa tecnologia, pois o verdadeiro fascínio dessa prática não estava no prazer automático, mas na sedução onisciente.





P.S: Parafilia é um padrão de comportamento sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. São considerados também parafilias os padrões de comportamento em que o desvio se dá não no ato, mas no objeto do desejo sexual. exemplo: voyeurismo,fetichismo,etc

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

...: Não é paz, é medo :...



Na última sexta feira foi anunciado mundialmente o vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2009: o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
A noticia foi se desmanchando no televisor na proporção que uma música da banda O Rappa invadia meu cérebro, como se quisesse gritar o próprio título:

-A paz que eu não quero!

Segundo o comitê que decide pelo vencedor desta premiação, Obama foi escolhido em virtude de seus apelos ao desarmamento nuclear e pela paz mundial, uma convicção que rodou o mundo entre a piada, a esperança e a indignação.

Eis uma nova forma de velar o racismo latente, de maquiar a guerra diária, de submeter distúrbios globais à terapia ideológica de uma só pessoa: premiando o primeiro presidente negro norte americano com o condão de pacifista.

Para os líderes de movimentos nas áreas da Palestina e Afeganistão, o presidente americano não foi capaz de adotar nenhuma nova medida, não executou quaisquer mudança de estratégia e quiçá conseguiu tornar o epicentro dos maiores conflitos mundiais um local estável.
-Pois paz sem voz, não é paz, é medo!

E esse último sentimento se infiltra em cada criatura que tenta sobreviver, a homens-bomba, atentados, armas de destruição em massa e é claro, a uma mentira com cara de Guerra Fria e sensação térmica de sangue quente escorrendo bem diante de seus olhos desacreditados.

As folhas de louro que coroam os aspirantes a “Gandhis da Modernidade”, apodrecem na velocidade de uma carne ao ar livre, pois não possuem nenhuma atitude palpável que possa conservá-las quando em contato com a realidade.

Não se constrói coisa alguma sem ação, sem prática, sem toque e envolvimento: a paz só deixará de ser a escara deste planeta, quando alguém resolver tirar todos os pseudo curativos de cima, e fazer uma desinfecção profunda.

Enquanto isso não acontece, vão vir muitos outros prêmios à inatividade trajados de realização e outros messias vestindo aquele conjuntinho básico de gravata e mediocridade, para tentar nos convencer de que a paz está à caminho ......

No fim do caminho.

O grito que ecoa do Oriente pelo fim das guerras, dos conflitos e da violência se transforma em um único lamento quando se encontra com as vozes do povo ocidental.Nós também clamamos pelo fim dos homicídios, das chacinas, dos assaltos e todo resto, escondidos:

-As grades do condomínio são prá trazer proteção, mas também trazem a dúvida, se é você que tá nessa prisão.
Até mesmo Obama tem na sua própria Casa Branca, uma prisão de segurança máxima, o que significa que ele também não possui a paz, e que esse prêmio é a maior incongruencia que existe, pois só podemos doar aquilo que de alguma forma temos conosco.

Não tenho a força opinativa de um membro do prêmio Nobel, mas para mim Obama não fez por merecer.Também não vou me juntar ao grupo que disse ver no presidente a postura de um pacificador nato ...

..... é pela Paz que eu não quero seguir admitindo.



p.s: Frases em negrito/itálico extraidas da musica “ Minha Alma ( A paz que eu não quero), da banda O Rappa.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

...: Pedro do Chip e outras Catarses :...



O que "Édipo Rei" e o protagonista do fenômeno youtubiano “Pedro me dá meu chip” tem em comum?

Quem respondeu: “uma catarse famosa”, acertou em cheio.

Para Aristóteles o fenômeno da catarse representa a purificação das almas através de uma descarga emocional, provocada por um drama.

Em outras palavras: para viver a catarse é preciso que a criatura submeta-se a uma verdadeira explosão nervosa, onde cuspa seus demônios, sem necessariamente passar por uma sessão do descarrego da Universal.

Naturalmente que ao conceber essa idéia, Aristóteles não imaginava até onde iríamos ao encarnar heróis trágicos do cotidiano, nem mesmo poderia prever que eles se tornariam motivo de pirraça na internet.

Cenas como aquela da moça aos berros, xingando e grunhindo madrugada afora na porta do ex são muito comuns, a questão é que câmeras de bares, boates e até do Google Earth, tem mais o que fazer do que ficar salvando isso com a exclusividade de um Nelson Rubens digital.

Qualquer um de nós está sujeito ao descontrole, como também esta sujeito a ter seu chilique assistido por uma multidão de desconhecidos, sem lucrar um centavo com isso:uma pena.Sim por que a desgraça humana vende como pão quente! Basta uma rápida visita a literatura universal para que se perceba isso.


Obras como a aristotélica "Édipo Rei", na qual o filho mata o pai, casa com a mãe, fica cego e se exila ou a shakesperiana, "Romeu e Julieta", onde o suicídio surge como solução para o insolucionável, são célebres, independente das nacionalidades ou culturas.


Nós vivemos em uma sociedade repleta de regras e normas, que orientam nossa conduta, que por vezes nos transformam em ciborgues de nossas próprias atitudes, calando nossos gritos e silenciando nossas lágrimas para que não incomodem ou invadam o próximo.


De repente alguém faz a pior escolha, assim como o herói trágico, passando da felicidade para a infelicidade num estalar de dedos, e quando quase tudo começa ruir na sua condição de homem regrado e psicologicamente equilibrado, uma catarse eclode na proporção de uma bomba nuclear....

- E o BUMMM! Que segue, é sempre BOM!

Catarse e Catástrofe são da mesma família dos grandes impactos: ambas são veneno e antídoto para perturbação humana.

Ciborgue: Organismo cibernetico,dotado de partes orgânicas e mecânicas, geralmente com a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

...: Paradigma da Substituição :...


No próximo dia 28 de outubro, cinemas do mundo todo vão estar lotados para a exibição de “This is It”. O filme da Warner Bros trará uma compilação dos últimos momentos de Michael Jackson nos preparativos da turnê que marcaria sua volta aos palcos, caso não fosse surpreendido pela morte.

Em Londres, os fãs já compraram cerca de 30 mil ingressos somente no primeiro dia de vendas, superando estréias com bilheterias milionárias como “ Senhor dos Anéis” e “ Harry Potter”.

Mas o que leva essa legião de pessoas a enfrentar filas e gastar fortunas para rever momentos inéditos do astro pop? Respostas diretas darão conta deste fenômeno como fruto do apelo midiático puro e simples, que faz jorrar cascatas de ouro à custa de qualquer celebridade.

Ou mesmo dirão que faltam valores às pessoas, e por isso muitos se entregam fácil a essas comoções marketeiras, como se buscassem preencher uma lacuna vazia em suas entranhas.

Contudo, há um outro aspecto relevante nessas manifestações públicas de fanatismo: o paradigma da substituição. Ou seja: enquanto para alguns, esse filme é a prova de que Michael é incomparável em sua fórmula, para outros, trata-se da cartada final de um pop star e seus produtores, que abre espaço ao seguinte questionamento:

Quem será o próximo?
Ou ainda: Haverá o próximo?


Enquanto isso vamos ouvindo um: “ -Ninguém é insubstituível” aqui ou acolá, só para garantir uma brecha aos que desejam faturar alto lançando um ídolo pré-fabricado na pressão alucinante do mercado fonográfico.

Mas esse tipo de comentário trai a própria gênese de uma nova estrela: os ídolos não surgem para substituir, surgem para revolucionar. Não adianta repaginar o conhecido, fazer flash backs daquilo que já se tem em excesso: é preciso ser o que nenhum outro ícone já foi ou é na atualidade.

Lembro que até um tempo atrás, muitas pessoas estavam encantadas com uma garotinha chamada Britney Spears e ousaram nomeá-la como a “Nova Madonna”, fato que rendeu até a capa da revista Rolling Stones à moça.

Porém os dias se passaram e com eles a sanidade: Britney agrediu papparazzi, perdeu a guarda dos filhos, teve um surto psicótico e até ficou careca.

Hoje, caminhando bem aquém do sucesso que seria esperado da trajetória de uma material girl, ela amarga posições nas paradas internacionais, ficando atrás de cantoras como Katy Perry, Lady Gaga, e da invicta Madonna.

Então não venhamos com essa de que “ninguém é insubstituível”, especialmente no universo artístico: não há ainda como exumar um Chucky Berry para o rock nem uma Marilyn Monroe para o cinema, são eternos e incorruptíveis na sua originalidade.
Todo o resto, com raríssimas exceções, são cópias paridas de uma máquina xérox, genéricos sem efeito ou pior: placebos de criatividade, que só vão sendo engolidos por gente sem senso crítico, com doses cavalares de escândalos.

Comparações no universo do show biss são crimes inevitáveis: alguém aponta sua arma de convicção e dispara sem perceber idéias que tentam inutilmente argumentar sobre a potência de um artista “moderninho” sobre a de outro naturalmente inventivo.

Mas esse é o tipo de tiro que sempre sai pela culatra, pois não tem pólvora suficiente para superar as trincheiras étnicas ou sociais existentes e transformar-se em sucesso.Já o artista nato, como Michael, veio de berço com munição pesada: por que ele sabia que o campo de batalha não era o palco, mas sim a febre de sua bala de talento ricocheteando ao redor do mundo.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

...: Silogismo da Moda Democrática :...



Foi realizado essa semana na capital, o maior evento de moda de todo o Maranhão, o São Luís Fashion 2009.
Idealizado e produzido pela consultora de moda, Rafaella Albuquerque e produtor Edilson Ferreira, o evento teve como principal proposta mostrar as tendências e os lançamentos das marcas nacionais e internacionais para a Primavera/Verão 2010.

Até aí, nenhum problema, pelo contrário, sou uma pessoa que admira o universo da moda através do tempo: desde sua influencia criativa na expressão humana, nos movimentos musicais que marcaram época e até na postura ativista das coleções de alguns estilistas.

A questão que me preocupa foi ter visto algumas pessoas vendendo esse evento como
“um marco para a democratização da moda em São Luís”, assim, sem nem pensar no conceito que implica o termo democracia.

Como um evento de moda e estilo como o São Luis Fashion 2009 pode ser categorizado como “ democrático” se ele sequer coloca a venda ingressos para que pessoas de todas as idades,raças ou níveis sociais possam fruir da moda de forma igualitária?

Para quem não sabe, os três dias de apresentação das coleções foram abertos somente para convidados (proprietários e clientes das lojas que apresentaram seus produtos, patrocinadores, etc) e alguns segmentos da imprensa local.

O São Paulo Fashion Week, maior referência desse segmento aqui no Brasil tem uma cota para o acesso do público em geral à algumas seções do evento.Lembro que era possível ate comprar os ingressos pelo site TicketMaster, na internet ou adquiri-los antecipadamente.

Eu então pergunto: Por que o São Luís Fashion não segue o exemplo? Claro que em menor proporção, em virtude dos parcos investimentos nesse setor local, o qual ainda encontra-se a disposição de uma minoria elitista.

Daí pode vir alguém dizer que não há como disponibilizar ingressos para o público por que espaço precisa ser maior e não há patrocínio suficiente. Não mesmo? Então vamos a um lembrete breve: o Governo do Estado do Maranhão patrocinou o São Luis Fashion 2009, preciso dizer mais?

Impedir que um evento dessa natureza se realize seria burrice, por que toda essa estrutura gera renda: contrata modelos locais, evidencia o trabalho dos estilistas da terra e contribui para que órgãos como o Senai e a Fiema possam exibir o nosso potencial para a moda além fronteira.

O ponto deste texto é: se essa proposta recolhe-se a um evento fechado, sem participação pública apesar do Governo do Estado patrociná-lo, então vamos tirar agora o rótulo democrático dessa historia.

Basta pensar na forma que se concebe a moda no nosso século, que a proposta desse evento vai abaixo: o estilo, a diversidade cultural e a expressão da singularidade em vestir e criar faz um caminho inverso hoje.

Não é o estilista que joga as tendências nas passarelas e depois elas se multiplicam nas ruas e vitrines, é o contrario! As pessoas de todas as partes do mundo, independente de sua raça ou posição social se vestem e comunicam idéias e sentimentos através de suas roupas e isso vira material de estudo para o estilista criar suas coleções.

Portanto, está mais do que claro que se o São Luís Fashion não valoriza quem também faz a moda, ou seja, nós,meros mortais que contribuímos com nossas identidades para a concepção de grandes designers, então seus realizadores estão completamente “out” do que significa fazer moda em um sentido global.

Só para não esquecer:

Moda é democracia
Democracia não existe no São Luís Fashion
Logo, o São Luís Fashion, não é moda.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

.:...: A força do Blá Blá Blá :...:.





Deixar os grunhidos primitivos no fundo das cavernas e ceder lugar ao diálogo: eis um dos maiores saltos de nossa espécie no quesito “evolução indimensionavel ”
Já parou para pensar no quanto a conversa é responsável pelas mudanças de maior impacto neste planeta?

E não me refiro somente a transformações palpáveis, como os acordos de paz entre nações inimigas, que tiram tanques das ruas e devolvem a liberdade a milhões, somente pela força do discurso bem embasado.

São surpreendentes os resultados que surgem através da troca de idéias: quantos são os que curam seus traumas através do desabafo em consultórios ou em grupos voluntários? ou mesmo que compartilham letras e melodias para compor? Ou ainda, que movem sua capacidade retórica para interesses comuns como a erradicação do trabalho infantil ou a liberdade de expressão?

Não é a toa que os jornalistas do mundo todo se enfurecem diante da censura: qualquer organismo que tente repelir a idéia de comunicar para esclarecer, para discutir e reavaliar o que quer que seja, esta indiretamente negando a capacidade nata do ser humano de materializar suas opiniões verbalmente. Isso é amoral!

É como chamar cada um de nós de chimpanzés e calar nossa boca com uma banana de irracionalidade, que vez ou outra, vai muito bem para quem usa com ignorância a dádiva da conversação.

Quando se grita para tentar fazer-se compreendido, há um misto de loucura, imaturidade e primitivismo no ar. Pense bem: sua casa, a rua ou o trabalho não são cavernas, e qualquer pessoa entende que há momentos de raiva incontroláveis, mas na selva de pedra, o grito é linguagem somente para os animais.

Então usemos nossas cordas vocais e demais acessórios do aparelho fonador no bate papo entre amigos, na conversa frívola sobre os rumos da novela ou no flerte com alguém interessante, e façamos jus a nossa natureza: seres que se comunicam, “ se trumbicam”, mas não se trombam!

Por que trombada, é coisa de bicho!
... e não é de bicho-homem!


p.s: Uma citação de Voltaire me veio agora e muito tem a ver com esse texto, então aqui vai:


" Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo"



sexta-feira, 18 de setembro de 2009

...: Sabor de Gente Vidro X Amargor de Gente Plástico :...


Todo mundo quer viver o “lado coca cola da vida”, mas a maioria tem preguiça de ir buscar o necessário para se obter coisa tão boa: se acomoda, toma uma água com gás para disfarçar a insatisfação, às vezes até “compra” um concorrente mais barato, mais acessível, mas garanto: na hora que bebe, não tem o mesmo sabor.

E mesmo no merchandising todo desse pensamento, eu prefiro ir atrás dos cascos sabe? Por que garrafa plástica é como gente plástica: parece aquela perfeição, aquela praticidade, mas na hora de se decompor são anos e anos apodrecendo em algum fundo de poço, no esgoto de uma história que pode ser a sua.

Gosto de gente de vidro, que é sensível, que ocasionalmente pode até nos ferir, mas no final, aprendemos a ter cuidado para evitar que nos machuquemos. A pessoa vidro, diferente da pessoa plástico, é retornável. Ou seja: aconteça o que acontecer, ela voltara a sua origem, a sua essência, e muitos outros sabores incríveis poderão ocupar seu interior no futuro, sem deixar odores estranhos ou incômodos.

A pessoa plástico, pode na melhor das hipóteses, virar um brinquedo, um puff, e entrar nessa onda de reciclagem para ser algo socialmente aceitável depois de seu desgaste óbvio.
Porém, ela jamais acondicionará o lado coca cola da vida, até por que, por ela, durante sua existência plástica, essa coisa boa, essa delicia do ser, passou tão rápido, mas tão depressa, que ela só ficou com a lembrança das últimas gotinhas...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

...: Ilusionistas de Araque :...



Se pudesse afixar uma placa em mim, para deixar uma mensagem bem clara a quem me rodeia, sem dúvida estaria escrito: “Não mexa com minhas esperanças se não sabe o que fazer com elas”!Não há sufoco maior do que expectativas criadas por cataratas de palavras e atitudes conta-gotas.

O agravamento dessa situação se manifesta de duas formas básicas em quem vira fantoche do show de ilusionismo alheio: no primeiro caso, a pessoa se perde no labirinto de promessas, mergulha no oceano da espera e de forma inocente, acredita na mágica sem questionar se é partner ou vitima do truque.

Já na segunda reação, cresce um sentimento de rejeição pelos sonhos, uma irritabilidade pela alegria gratuita e uma vontade incontrolável de mandar essas esperanças que tagarelam na cabeça para o inferno!

Essa análise crua sobre quem pinta de palhaça a esperança do outro, é um modo de demonstrar como o ser humano pode se anular nessas condições, como pode esquecer-se quando muito se entrega.

Não estenda a mão a alguém se não souber por quanto tempo deseja segurá-la, não use palavras como “amor” ou “destino” para classificar suas relações se dentro de você elas não tem significado, não faça planos a dois quando o seu pensamento é sempre monocrático e não pergunte: “quais são seus sonhos?”a um parceiro(a), se essa informação tiver o valor de um copo descartável na escala das suas realizações.

Acredito que respeitar os sonhos e esperanças do próximo, é respeitar a si mesmo, pois é entre sonhos e esperanças que vamos construindo nossa trajetória em busca da felicidade.

E quem pode mesmo roubar a felicidade de alguém?
Um ninguém, prontamente desumano, doente e infeliz.


p.s: A expressao ” de araque” vem do árabe “´araq”, bebida oriental de alto teor alcoólico. Uma coisa é dita “de araque”, quando, assim como a forte bebida, deixa a pessoa embriagada ( em todos os sentidos) e sem saber o que esta dizendo”
Grata por quem veio visitar-me, espionar-me, criticar-me, invejar-me....